Adivinha o quanto te amo?

Era hora de ir para a cama e o filho se agarrou firme nas longas pernas do pai.
Ele queria ter certeza de que o pai estava ouvindo.
 
- Adivinha quanto eu te amo? - disse ele.
- Ah, acho que isso eu não consigo adivinhar - respondeu o pai.
- Tudo isso - disse o filho, esticando seus bracinhos o máximo que podia.
  

Só que o pai tinha os braços mais compridos. E disse:
- E eu te amo tudo isto!
 
Huuum,  isso é um bocado grande, pensou o filho.
 
- Eu te amo toda a minha altura - disse o filho.
- E eu te amo toda minha altura - disse o pai.
 
Puxa, isso é bem alto, pensou o filho. Eu queria ter os braços compridos  assim.
 
Então o filho teve uma boa idéia. Ele se virou de ponta cabeça, apoiando as mãos no armário:
- Eu te amo até as pontas dos dedos de meus pés!
- E eu te amo até as pontas dos dedos dos teus pés -  disse o pai balançando o filho no ar.
 
- Eu te amo a altura de meu pulo! - riu o filho saltando, para lá e para cá.
- E eu te amo a altura do meu pulo - riu também o pai e saltou tão alto que seu cabelos quase tocaram o teto.

Olharam pela janela.
 
- Eu te amo toda a estradinha daqui até o rio - gritou o filho.
- Eu te amo até depois do rio até as colinas - disse o pai.
 

É uma bela distância, pensou o filho.
 
Ele estava sonolento demais para continuar pensando.
Então ele olhou para além das copas das árvores, para a imensa escuridão da noite.
 
E pensou...

Nada podia ser maior do que o céu.
 
- Eu te amo até a lua - disse o filho e depois fechou os olhos.
- Puxa, isso é longe - disse o pai - longe mesmo!
 

O pai deitou o filho na sua caminha macia e aconchegante e então se inclinou  para lhe dar um beijo de boa noite.

 
Depois, deitou-se ao lado do filho e sussurrou sorrindo:
- Eu te amo até a lua, ida e volta!